domingo, 16 de junho de 2013

Meu Primeiro Beijo - Antonio Barreto


        É difícil acreditar, mas meu primeiro beijo foi num ônibus, na volta da escola. E sabem com quem? Com o Cultura Inútil! Pode? Até que foi legal. Nem eu nem ele sabíamos exatamente o que era "o beijo". Só de filme. Estávamos virgens nesse assunto, e morrendo de medo. Mas aprendemos. E foi assim...
        Não sei se numa aula de Biologia ou de Química, o Culta tinha me mandado um dos seus milhares de bilhetinhos:
        " Você é a glicose do meu metabolismo.
        Te amo muito!
        Paracelso"
         E assinou com uma letrinha miúda: Paracelso. Paracelso era outro apelido dele. Assinou com letrinha tão minúscula que quase tive dó, tive pena, instinto maternal, coisas de mulher...E também não sei por que: resolvi dar uma chance pra ele, mesmo sem saber que tipo de lance ia rolar.
        No dia seguinte, depois do inglês, pediu pra me acompanhar até em casa. No ônibus, veio com o seguinte papo:
       - Um beijo pode deixar a gente exausto, sabia? - Fiz cara de desentendida.
       Mas ele continuou:
     -Dependendo do beijo, a gente põe em ação 29 músculos, consome cerca de 12 calorias e acelera o coração de 70 para 150 batidas por minuto. - Aí ele tomou coragem e pegou na minha mão. Mas continuou salivando seus perdigotos:
      - A gente também gasta, na saliva, nada menos que 9 mg de água; 0,7 mg de albumina; 0,18 g de substâncias orgânica; 0,711 mg de matérias graxas; 0,45 mg de sais e pelo menos 250 bactérias...
       Aí o bactéria falante aproximou o rosto do meu e, tremendo, tirou seus óculos, tirou os meus, e ficamos nos olhando, de pertinho. O bastante para que eu descobrisse que, sem os óculos, seus olhos eram bonitos e expressivos, azuis e brilhantes. E achei gostoso aquele calorzinho que envolvia o corpo da gente. Ele beijou a pontinha do meu nariz, fechei os olhos e senti sua respiração ofegante. Seus lábios tocaram os meus. Primeiro de leve, depois com mais força, e então nos abraçamos de bocas coladas, por alguns segundos.
      E de repente o ônibus já havia chegado no ponto final e já tínhamos transposto , juntos, o abismo do primeiro beijo.
      Desci, cheguei em casa, nos beijamos de novo no portão do prédio, e aí ficamos apaixonados por vária semanas. Até que o mundo rolou, as luas vieram e voltaram, o tempo se esqueceu do tempo, as contas de telefone aumentaram, depois diminuíram...e foi ficando nisso. Normal. Que nem meu primeiro beijo. Mas foi inesquecível!

Avestruz - Mario Prata

O filho de uma grande amiga pediu, de presente pelos seus dez anos,uma avestruz. Cismou, fazer o quê? Moram em um apartamento em Higienópolis, São Paulo. E ela me mandou um e-mail dizendo que a culpa era minha. Sim, porque foi aqui ao lado de casa, em Floripa, que o menino conheceu as avestruzes. Tem uma plantação, digo, criação deles. Aquilo impressionou o garoto.
Culpado, fui até o local saber se eles vendiam filhotes de avestruzes. E se entregavam em domicílio. E fiquei a observar a ave. Se é que podemos chamar aquilo de ave. A avestruz foi um erro da natureza, minha amiga. Na hora de criar a avestruz, deus devia estar muito cansado e cometeu alguns erros. Deve ter criado primeiro o corpo, que se assemelha, em tamanho, a um boi. Sabe quanto pesa uma avestruz? Entre 100 e 160 quilos, fui logo avisando a minha amiga. E a altura pode chegar a quase três metros. 2,7 para ser mais exato. Mas eu estava falando da sua criação por deus. Colocou um pescoço que não tem absolutamente nada a ver com o corpo. Não devia mais ter estoque de
asas no paraíso, então colocou asas atrofiadas. Talvez até sabiamente para evitar
que saíssem voando em bandos por aí assustando as demais aves normais.
Outra coisa que faltou foram dedos para os pés. Colocou apenas dois dedos em cada pé. Sacanagem, Senhor!
Depois olhou para sua obra e não sabia se era uma ave ou um camelo.Tanto é que logo depois, Adão, dando os nomes a tudo que via pela frente,
olhou para aquele ser meio abominável e disse: Struthio camelus australis. Que é o nome oficial da coisa. Acho que o struthio deve ser aquele pescoço fino em forma de salsicha.
Pois um animal daquele tamanho deveria botar ovos proporcionais ao seu corpo. Outro erro. É grande, mas nem tanto. E me explicava o criador que elas vivem até os setenta anos e se reproduzem plenamente até os quarenta, entrando depois na menopausa, não têm, portanto, TPM. Uma avestruz com TPM é perigosíssima!
Podem gerar de dez a trinta crias por ano, expliquei ao garoto, filho da minha amiga. Pois ele ficou mais animado ainda, imaginando aquele bando de avestruzes correndo pela sala do apartamento. Ele insiste, quer que eu leve uma avestruz para ele de avião, no domingo.
Não sabia mais o que fazer. Foi quando descobri que elas comem o que encontram pela frente, inclusive pedaços de ferro e madeiras. Joguinhos eletrônicos, por exemplo.
máquina digital de fotografia, times inteiros de futebol de botão e, principalmente, chuteiras. E, se descuidar, um mouse de vez em quando cai bem.
Parece que convenci o garoto. Me telefonou e disse que troca o avestruz por cinco gaivotas e um urubu. Pedi para a minha amiga levar o garoto num psicólogo. Afinal, tenho
mais o que fazer do que ser gigolô de avestruz.
 
PRATA, Mário. Avestruz. 5ª série/ 6º ano vol. 2 Caderno aluno p. 9 Caderno do Professor p. 18

Pausa - Moacir Scliar


  Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro. Fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:
            —Vais sair de novo, Samuel?

Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.

            —Todos os domingos tu sais cedo – observou a mulher com azedume na voz.

            —Temos muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente.

Ela olhou os sanduíches:

            —Por que não vens almoçar?

            —Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.

A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse a carga, Samuel pegou o chapéu:

            —Volto de noite.

As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.

Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:

            —Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...

            —Estou com pressa, seu Raul – atalhou Samuel.

            — Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre - Estendeu a chave.

Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:

            —Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo curto.

Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta a chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho: a um canto, uma bacia cheia d’água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.

Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se fechou os olhos.

Dormir.

Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a move-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.

Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido. 

Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por um índio montado o cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhando de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio.



Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, levou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu.

Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.

            — Já vai, seu Isidoro?

            —Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.

            —Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o gerente.

            —Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caia.

            —O senhor diz isto, mas volta sempre – observou o homem, rindo.

Samuel saiu.

Ao longo dos cais, guiava lentamente. Parou um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.



(in: Alfredo Bosi, org. O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1977. p. 275)

Recado ao senhor 903 - Rubem Braga

“Vizinho,
Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal – devia ser meia-noite – e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito a repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor; é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 – que é o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos: apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão: ao meu número) será convidado a se retirar às 21h45, e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois as 8h15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará ate o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada: e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas – e prometo silêncio.
[...] Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: ‘Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou’. E o outro respondesse: ‘Entra vizinho e come do meu pão e bebe do meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e a cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela’.
E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.”
(Rubem Braga. "Para gostar de ler". São Paulo: Ática, 1991)

Sequência Didática sobre o texto: "Recado ao senhor 903"

Sequência didática sobre o texto "Avestruz"

sábado, 15 de junho de 2013

Sequência didática sobre o texto "Pausa"


Sequência didática sobre o Texto "Meu Primeiro Beijo"



Uma análise da proposta didática de Schneuwly e Dolz comparada à Proposta Curricular do Estado de São Paulo



Ao serem solicitados pela Rede Pública de Educação de Genebra, Schneuwly e Dolz criaram uma proposta didática de agrupamento em tipologias e em gêneros que, em sua estruturação, levava a uma evolução progressiva do estudo textual.
Para estruturar tal proposta e dividir de maneira eficaz a infinidade de possibilidades de produções textuais Schneuwly e Dolz precisaram levar em conta critérios como a correspondência dos textos às finalidades sociais presentes na escola e a presença de distinções tipológicas já consagradas. Dessa forma, surge o agrupamento por tipologia textual, ligado aos domínios de interação social necessários para  o desenvolvimento da produção oral e escrita. Cada domínio é representado por uma tipologia, o narrar se liga à cultura literária ficcional; o relatar, à documentação das ações humanas; o expor, à construção e transmissão de saberes, o argumentar, à discussão de problemas sociais controversos e o prescrever, à instrução e prescrição de ações. A partir desse agrupamento, uma infinidade de gêneros pode ser criada e estudada.
Ainda de acordo com a proposta de Schneuwly e Dolz, o trabalho com os diferentes agrupamentos e seus gêneros correspondentes deveria ser realizado de maneira simultânea e progressiva, a cada ciclo vencido pelo aluno, mais profundo e complexo se tornaria o estudo de cada tipologia, seus gêneros e estrutura.
A Proposta Curricular do Estado São Paulo (PCESP) para o EF-II se baseou no que os autores genebrinos propuseram para tratar da abordagem das tipologias e gêneros textuais, no entanto pode-se notar algumas diferenças. Em vez de trabalhar com todas os agrupamentos de forma simultânea e progressiva, a PCESP prevê o foco em um agrupamento a cada ano do Ensino Fundamental II, o narrar na quinta série/sexto ano, o relatar na sexta série/sétimo ano, o prescrever na sétima série/oitavo ano e, excepcionalmente dois, o expor e o argumentar  na oitava série/nono ano.
O modelo adotado pela PCESP se distancia do original de Schneuwly e Dolz principalmente na forma de aplicação, focada em uma tipologia em cada ano. Essa alteração pode trazer vantagens e desvantagens em relação à proposta original. O foco específico em um agrupamento permite que se explore de maneira mais ampla os inúmeros exemplos de gêneros que podem surgir na sociedade como materialização daquela tipologia, mas justamente pelo fato de os gêneros serem uma criação social para possibilitar a interação humana em diferentes níveis e esferas de comunicação, nem sempre esses gêneros seguirão à risca a estrutura e os traços tipológicos previstos para eles. A criatividade e a necessidade de comunicação humanas criam e continuarão criando gêneros híbridos para dar conta da significação exigida para aquela determinada situação. Tal fenômeno torna difícil o trabalho exclusivo em sala de aula com apenas uma tipologia em cada ano.
Então, se a PCESP propõe o trabalho individual com tipologias, cabe ao professor, de maneira flexível e de acordo com sua realidade escolar, mesclar gêneros e tipologias quando essas forem adequadas à necessidade comunicativa do aluno e da comunidade.

Referências Bibliográficas
BENTES, ANNA CHRISTINA. Linguística textual: Tipologias, Agrupamentos e Textualidade. Campinas, SP: UNICAMP/REDEFOR, 2012. P. 01/08. Material digital para AVA do Curso de Especialização em Língua Portuguesa REDEFOR/UNICAMP.

 DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B. Gêneros e progressão em expressão oral e escrita - elementos para reflexões sobre uma experiência suíça (francófona). In: ROJO, R. H. R.;  CORDEIRO, G. S. (Orgs./Trads.) Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004[1996], p. 41-70.

domingo, 9 de junho de 2013

A leitura em minha vida

Quando comecei a estudar a primeira série, já tinha oito anos de idade, tudo porque nasci no mês de agosto, naquela época era muito difícil ter vaga para crianças que não tivessem os  sete anos completos no começo do ano, e como completava anos no meio do ano fiquei sem vaga, lembro-me que ficava muito triste quando via as outras crianças irem para escola e eu não podia ir. Meu pai começou a cursar o Mobral, então comecei a estudar com ele, quando chegou a minha vez de ir para escola já sabia algumas palavras que aprendi nos livros do meu pai, engraçado veio agora em minha memória a lembrança daqueles livros, lembro-me de uma lição que tinha o desenho de tijolos, acho que era para aprender a letra T.
O meu primeiro dia de aula foi maravilhoso, pois esperava por esse dia ansiosamente, não lembro da minha professora ,mas consigo lembrar da professora da segunda , da terceira e principalmente do meu professor da quarta série, o senhor Silvio, ele era um homem forte, calvo muito bem vestido, lembro do meu último dia de aula , na minha formatura e do melhor presente da minha vida, que recebi do meu professor, havia passado em segundo lugar, naquela época havia premiação para os melhores alunos , mas para mim o meu prêmio foi o presente, um livro “O Pequeno Príncipe”, eu adorava ler, era uma assídua frequentadora da biblioteca da minha escola .Aquele presente foi o melhor da minha vida.
Ao terminar a oitava série fui trabalhar , não pude continuar os estudos, tinha que ajudar meu pai, mas tudo bem, como eu já tinha o meu dinheiro comecei a comprar gibis , revista de fotonovelas e livros, fiquei sócia do Círculo do Livro e lia muito, leitura sempre esteve em minha alma. Eu amo ler e hoje como professora tento passar esse hábito para meus alunos. Leitura é viajar por todos os lugares nem se for na imaginação.

Meus melhores momentos com a leitura na escola



            
          Ler é hábito poderoso que nos faz conhecer mundos e idéia em diferentes contextos, criando familiaridade com o mundo da escrita.
         A experiência com a leitura desde cedo é a chave de abertura para o conhecimento. Ela nos faz viajar a diferentes lugares ao mesmo tempo sem sairmos do lugar.
       Não esqueço estava no ensino fundamental estudava com a professora chamada Ivani, da forma como ela me mostrou o quanto à leitura pode se tornar divertida e inesquecível.
         Naquele dia a professora Ivani preparou uma aula diferente, apagou as luzes da sala de aula, e começou com o suspense a partir do título do livro “Vem ver pôr do sol" de Lygia Fagundes Telles. Nossa! Só pelo título fiquei curiosa pela leitura.
        Ela começou ler aquele conto e ao passo que ouvia aquela história ia criando asas a minha imaginação. Não via a hora de acabar aquela aula, pois queria chegar em casa e recontar a história para minha mãe e minha prima que adora ouvir história.
         Quando cheguei em casa relatei tudo a ela que se surpreendeu com o final sinistro do conto.
       Portanto, concluo que a leitura feita pela professora de forma diferenciada mudou o meu conceito e vejo hoje o quanto é importante realizar leituras diversificadas em diferentes gêneros textuais na sala de aula em ambientes diferenciados do espaço escola, afim de que os alunos sejam autores dos seus textos e não deixem de dar asas á imaginação.
              Depoimento da profª Daniela Maximino

sábado, 8 de junho de 2013

Novas tecnologias, velhos problemas...

O primeiro contato com novas tecnologias de informação muitas vezes é traumático par algumas pessoas. Algumas chegam a se fechar e negar a necissidade que todos temos de nos atualizar e interagir de forma mais eficiente com o mundo que nos cerca. O vídeo a seguir mostra de forma bem humorada como toda novidade é um desafio.


Desafios da vida contemporânea na prática do professor



Ser profissional da educação sempre foi algo desafiador e instigante, no entanto, conforme os anos se seguem, o caráter de sacrifício, de abnegação tem se tornado muito mais sinônimo da profissão do que propriamente o desafio da busca do conhecimento.

Ao ser questionado sobre o assunto, qualquer professor é capaz de listar uma série de motivos que podem ser caracterizados como responsáveis pela dificuldade encontrada em realizar sua função de maneira eficiente e prazerosa, entre eles, costumam receber destaque a falta de interesse do aluno nas questões escolares e a falta de apoio da família. Tomemos, então, esses dois pontos como base para nortear a reflexão sobre os desafios que a vida contemporânea para as práticas de ensino-aprendizagem, especialmente para a disciplina de Língua Portuguesa.

A sociedade, os anseios e os recursos que o século XXI nos apresenta são muito diferentes do que se vivenciou, por exemplo, nos séculos XVIII e XIX; no entanto, a escola pública contemporânea ainda reflete os séculos passados e tem encontrado dificuldade para acompanhar o ritmo acelerado do mundo moderno.

A escola, como a conhecemos, surge no Brasil com a missão de trazer saberes consolidados a um país que precisava ser “civilizado” e catequizado; essa fórmula não se enquadra mais no país em que viemos hoje. Seja por falta de recursos financeiros ou por falta de preparo de seu material humano, a escola ainda não consegue abrir totalmente as portas para os avanços tecnológicos, linguagens e mídias que existem além de seus muros, e é justamente além dos muros da escola que nossos alunos vivem e de onde trazem o conhecimento que irão partilhar dentro dela.

Ao lecionar a disciplina de língua portuguesa, o professor deve estar ciente do que constitui realmente o seu material de trabalho. A língua portuguesa não é aquele apanhado de regras encerradas no livro didático distribuído ao aluno, nem é aquele recorte que aparece no mesmo livro sob o título de “texto para interpretação”. A língua portuguesa é o instrumento através do qual o aluno, ou antes ainda, o indivíduo, cumprimenta sua família, ouve a música de sucesso, assiste ao programa na televisão, conversa com os amigos pelo MSN, lê as notícias no jornal ou na internet, entre tantas outras atividades diárias. Chegar à escola e perceber que grande parte do uso cotidiano da língua ainda é ignorado pela escola e que o seu ensino ainda se concentra na reprodução de regras que não refletem o uso geral, só pode contribuir para distanciar o aluno do que se ensina na escola.
 


A importância das novas tecnologias na sala de aula



Vivemos atualmente um momento de inigualável crescimento tecnológico. Graças à revolução proporcionada pela internet, as ações mais prosaicas do nosso dia-a-dia, como bater papo com um amigo, ouvir música ou assistir a um filme, ganharam novas configurações, suportes e possibilidades. Podemos levar conosco, sem a necessidade de uma mídia volumosa como papeis, fitas cassetes, CDs ou DVDs, nossos amigos e obras preferidas para onde formos. Essa nova realidade fez com que o adjetivo “interativo” se popularizasse e ultrapassasse a esfera puramente tecnológica. Hoje tudo o que for moderno, interessante e que exerça um apelo sobre o consumidor deve ser “interativo”.

Se a interatividade é a tônica do século XXI, a escola também precisa se adequar a ela. Mas não a escola apenas como prédio e instituição de ensino. A escola enquanto material humano e espaço para relações entre pessoas também precisa se adaptar.

Quando se fala em “equipar a escola para as novas tecnologias” pensa-se apenas em instalar computadores em salas de informática nas escolas. Embora importante, isso não é o suficiente e nem mesmo uma realidade em muitas escolas. Ainda é uma utopia imaginar que todos os alunos da rede estadual têm contato com computadores e internet dentro da escola.  Por outro lado, apenas o uso do computador sem uma mudança nos paradigmas da relação entre professor e aluno não garante a realização de uma aula interativa.

Mais do que nunca, o papel do professor e as relações pedagógicas têm sido questionados e reavaliados. A imagem do professor apenas como detentor e transmissor do conhecimento está cada vez mais distante do que se espera das práticas educacionais. A interatividade na educação busca a presença cada vez mais ativa do aluno na construção do seu conhecimento e a atuação do professor como sistematizador da experiência de aprendizagem. Para ser produtiva, essa interação dependerá mais do material humano do que propriamente das tecnologias digitais. Promover um diálogo verdadeiro entre alunos e professores, levar em consideração observações trazidas pelos alunos, partir de uma música, um conto, uma notícia, um poema, até mesmo um acontecimento no intervalo da aula, não importando que mídia sirva de suporte para levá-lo até os alunos pode ser a base de uma discussão e da intervenção para a construção do conhecimento.

O hipertexto da internet, por sua característica não linear, facilita o manuseio e a exploração das informações, mas a presença do computador não é condição sine qua non para uma aula interativa.

Antes de haver o computador para facilitar a comunicação à distância, o ser humano já havia alcançado a excelência em comunicação face a face.

Apresentação

Meu nome é Cristiane, tenho 34 anos e há 14 sou professora de lingua portuguesa e língua inglesa. Minha paixão pelas letras vem desde criança. Aprendi a ler cedo, antes de entrar na escola, mas o que me encantava mesmo, mais que as histórias, eram as letras, o encontro das palavras e a ideia de que existiam línguas diferentes em lugares diferentes. Dessa forma, procurei sempre estudar a história e as particularidades da nossa língua e das demais com as quais pude entrar em contato ao longo dos anos.


quinta-feira, 6 de junho de 2013

A leitura e a escrita em minha vida

Meus primeiros anos escolares

Saudades daquelas tardes ensolaradas
Do meu uniforme azul e vermelho
Da cantina, dos “tios e tias”
Do cheiro de giz de cera,
Do material novo, da mochila nova
Dos meus amiguinhos...
Quem quando criança não quis ser professor?
 Sempre tive uma queda pelas palavras,
Não sei se é herança de família vinda de lá das terras de Camões
Ou mera identificação
O fato é que elas sempre fizeram parte da minha vida
Nos debates orais, nas produções textuais,
E até mesmo na criação de pequenas  peças teatrais.
Sei que graças aos meus professores e aos livros que li
Aprendi a pensar e refletir
E viajei...
Viajei muito...
E conheci histórias e personagens inesquecíveis:
Pollyanna menina, Pollyanna moça,
Cazuza, Tonico, Tonico e Carniça...
Entre outros que ajudaram a criar o meu ser e


 Ficarão na minha memória.
Prof. Sandra Lúcia